Noutro dia numa mensagem na televisão aparecia uma professora em sala de aula, com a palavra EDUCAÇÃO escrita na lousa e dizendo a seus alunos: “Precisamos nos preocupar mais com a educação no Brasil: o desempenho na matemática e português é hoje pior do que era há vinte anos”. Ora, essa professora estava falando de ensino e não de educação.
Etimologicamente educação (e –para fora; ducare – conduzir) significa conduzir para fora ou exteriorizar as potencialidades do ser humano. Já ensino (in- para dentro; signo – sinal ou marca) diz respeito às informações fornecidas à mente do indivíduo com o intuito de torná-lo mais apto para a sobrevivência num dado contexto civilizatório.
Esta não é apenas uma questão semântica. Educadores não são o mesmo que instrutores. Dos pais espera-se que sejam, sobretudo, bons educadores e dos professores, que sejam competentes como instrutores. Mas tanto a educação como a instrução começam na família e não se extinguem na escola: correm paralelas ao longo de toda a existência. Estamos sempre tendo oportunidades de nos educar na convivência com os demais e nunca cessamos de aprender num mundo em permanente transformação.
A reforma do ensino é bem-vinda, não só pela atualização de seus conteúdos e inserção de novas disciplinas (quem poderia dispensar a informática entre elas?) para fazer frente a um mundo em constante mutação, como pela flexibilização para ajustar-se às aptidões e tendências vocacionais dos alunos. Portanto, estamos progredindo no que diz respeito ao ensino. Mas e a educação?
A personalidade do indivíduo é resultante tanto de sua constituição (o que lhe é inato ou traz de berço) como do ambiente onde será criado e do alimento afetivo que esse lhe proporcionar. Portanto, conseguir uma melhor educação é bem mais complexo do que efetuar uma reforma do ensino.
Luiz Carlos Osorio
Médico e consultor de sistemas humanos
osorio@osoriogruppos.com.br