Em tempos idos, muito idos, os seres humanos se movimentavam livremente pelo planeta que habitavam. O direito de ir ou vir não lhes era cerceado e a limitação que lhes era dada restringia-se aos obstáculos naturais que se lhes antepunham. O que determinava suas migrações era a busca por água e alimentos, além de condições climáticas compatíveis com a sobrevivência da espécie.
Nossos longínquos ancestrais logo perceberam que era preciso agrupar-se e cooperar uns com os outro nessa luta pela sobrevivência da espécie, mas ao mesmo tempo aprenderam que era necessário competir com outros grupos para assegurar a posse dos territórios mais favoráveis à sua permanência, quando se estabeleceram na transição da vida nômade para a sedentária.
E a lei do mais forte imperou, através das armas que desenvolveram e do surgimento das guerras pela manutenção e expansão dos territórios que resolveram chamar de seus na partição do planeta que antes era de todos.
Daí nasceram os impérios e depois as nações, e as convenções foram demarcando as áreas de pertencimento dos que haviam triunfado nos confrontos bélicos.
Chegamos aos tempos atuais e aos acordos, geralmente descumpridos, para assegurar a precária convivência entre as nações. Ao final daquela que foi cognominada a guerra que iria acabar com todas as outras, líderes de todos os cantos do mundo definiram os princípios da autodeterminação dos povos e redigiram a declaração dos direitos humanos. Mas a cizânia já imperava nos corações e mentes dos cidadãos de várias nações e seus governantes. E a solidariedade humana viu-se banida em favor dos sentimentos pátrios.
O direito à posse universal do planeta que habitamos está em xeque com as políticas discriminatórias e anti-imigração de nossos dias. Oxalá dias futuros possam se reger pela máxima “faça aos outros o que desejas que façam contigo”. E que a solidariedade presida os atos dos que determinam os destinos da espécie na Terra que nos tocou habitar. É sonhar muito?